domingo, 23 de outubro de 2011

O pagador de promessas - Dias Gomes

¨Zé do burro era um homem simples do interior da Bahia, conhecido por todos, principalmente pelo fato de existir entre ele e seu animal uma amizade muito profunda. Onde estivesse, também estaria o burro, em todos os afazeres diários e em todos os lugares que freqüentava.
Ao ter o seu animal ferido pela queda de um galho de árvore na cabeça, fez uma promessa. Se seu burro ficasse bom, daria parte de suas terras aos pobres e levaria uma cruz tão pesada quanto a de Cristo até o altar-mor de uma igreja de Santa Bárbara. Como em sua cidade não havia igreja da Santa, fez a promessa em um terreiro de
cancomblé, onde ela é conhecida pelo nome de Iansan
¨O animal ficou bom e seu dono, além de dividir parte de suas terras, caminhou quarenta e dois quilômetros carregando a cruz pesada nas costas, seguido por Rosa sua esposa, até chegar à igreja em Salvador.
¨Ao amanhecer, quando o padre viu aquele homem com uma cruz na escadaria da igreja, e tomou conhecimento da promessa feita em um terreiro de candomblé para Iansan, Santa Bárbara, pela cura de um burro, recusou-se a receber Zé e sua cruz, acusando-o de heresia e culto ao demônio. O jovem padre não admitia o sincretismo religioso, resolveu fechar as portas e somente abrí-las quando aquele homem desistisse e fosse embora. Por sua vez, Zé do Burro decidiu que só sairia quando cumprisse sua promessa integralmente.
  Mais tarde, depois da chegada do delegado e após muitos questionamentos sobre a dignidade da promessa e da proíbição de sua entrada na igreja, foi anunciada a detenção do pagador de promessa que, profundamente consternado, resistiu à prisão e foi morto pela polícia na presença de todos.

JORGE, UM BRASILEIRO. - Oswaldo França Jr.

Oswaldo Frça Jr.
¨Jorge, um brasileiro é uma história oral de um viajante que tem muito que contar, e a recepção é feita mais por um ouvinte do que por um leitor. Jorge narra suas aventuras baseado em suas próprias experiências, na vivência do dia a dia das estradas por onde rodou. As aventuras são os elementos propulsores da história romanesca narrada por Jorge, entre as quais se distingue a aventura principal e várias outras aventuras menores.
¨A aventura principal é a procura de Jorge, o sentido que dá à vida, como na busca dos heróis das histórias romanescas da tradição medieval.
¨A aventura principal começa em Belo Horizonte, quando o protagonista recebe a missão de buscar oito carretas carregadas com trinta toneladas de milho cada uma que estavam em Caratinga sem poder seguir viagem porque a chuva havia danificado as estradas, e havia uma barreira na saída da cidade com policiais impedindo que os motoristas seguissem viagem. O prazo para as carretas estarem em Belo Horizonte era de uma semana. O herói não tinha como recusar a missão. Define-se aí o antagonista: a chuva, e tudo o que ela provocava (barreiras, pontes caídas, danos aos caminhões) de adverso à consecução do objetivo traçado para o protagonista.
 

AMRIK - Ana Miranda

¨O texto de Ana Miranda enquanto unidade de linguagem em uso em que se manifestam traços tais como a linguagem intertextual, polifônica e/ou proliferadora. Através da voz de Oribela, personagem-narradora, uma série de discursos atestam, entre outros aspectos, o quanto é possível utilizar uma linguagem poética e, ainda assim, até por isto, deixar falar as vozes da história que, por muito tempo, foram silenciadas.
¨O título Amrik é uma corruptela de América, na forma como pronunciavam os imigrantes libaneses que se radicaram na capital paulista. A narradora, a dançarina Amina, que luta para sobreviver numa São Paulo adversa enquanto rememora sua infância numa aldeia do Líbano, pode ser tomada como alter-ego de sua criadora. Amina deixa um mundo seguro para trás e vem ao Brasil para tentar ser apenas aquilo que é.
¨Mesmo nos trechos em que assume uma postura didática , Ana não permite que lhe fujam a batida sensual, o traço ondulante, a magia. A história de Amina é, no fim, muito parecida com a das outras mulheres. Amina recebe uma proposta de casamento do mascate Abraão. O amor, com suas vantagens e desvantagens, a deixa indecisa.
¨Não quer perder a liberdade que conquistou ao fugir para o Brasil. Sabe que ela é seu maior bem. Põe-se, então, a narrar sua história.
¨ O romance vem escoltado por um minucioso glossário de quase 100 termos, a maioria de origem árabe. São absolutamente dispensáveis, pois a escrita de Ana Miranda prende o leitor mais pela sensualidade que pela razão. Mas servem como excelente fonte de apoio para os leitores mais desconfiados. A linguagem de Amrik está muito mais próxima das parábolas árabes e das narrativas fantásticas de As mil e uma noites que das pesquisas factuais.
 
 

LIVROS ACAFE

AMRIK

JORGE, UM BRASILEIRO

O PAGADOR DE PROMESSAS


PS: ESTE SÃO OS TRÊS LIVROS QUE EU DAREI ASSISTÊNCIA PARA A ACAFE. JÁ QUE, MUITOS LIVROS DA UFSC REPETEM OS DA ACAFE, ENTÃO, DÊ UMA OLHADA NOS LIVROS DA UFSC.

Viagem & Vaga Música - Cecília Meireles

}Com o livro Viagem, de 1938, Cecília Meireles encontra seu estilo definitivo. O verso melódico sustenta os motivos fundadores de sua poética – sonho, solidão, mar, canção, melancolia, nuvens, céu, morte...
}A obra Viagem, juntamente com Vaga Música, inscrevem-se no panorama do Modernismo brasileiro e assinalam sua singularidade primordial. São poemas marcados pela engrandecimento dos elementos mais simples da existência, os quais adquirem significação simbólica.
}A obra, pela capacidade lírica inovadora, retrata uma permanente viagem interior; intimista e introspectiva, sugerindo num tom leve e delicado, temas de solidão, melancolia, fuga pelo sonho, o vazio do existir, saudades e sofrimento. Essas características percorrerão toda sua obra lírica. 
}Utilizando-se de jogos de palavras, metáforas, sinestesias, dentre outras figuras de linguagem, o eu-lírico investiga o processo de criação literária.
}Viagem é composto por doze poemas, que podem ser interpretados como doze etapas de uma trajetória espiritual, onde vida e poesia se confundem, da mesma maneira que a poeta e a natureza. Formalmente, convivem lado a lado versos de sete e oito sílabas e versos livres.
 

TREZE CASCAES

}A coletânea de contos em homenagem a Franklin Cascaes, com ilustrações de Tércio da Gama, faz parte da programação do centenário de nascimento do etnólogo e desenhista.
}Nos contos, Franklin Cascaes entra para a ficção como protagonista ou figurante, numa concepção literária que revela uma espécie de extensão do trabalho do folclorista, que morreu em 1983. Cascaes ilustrava em suas obras a literatura oral relacionada a bruxas, feiticeiras, lobisomens e fenômenos encantados que faziam parte do universo ilhéu. O seu legado deu a Florianópolis o título de “Ilha da Magia”, influenciou outros artistas e mexeu com o imaginário dos escritores.
 
}De leitura tão agradável quanto enriquecedora, os 13 contos, desdobram facetas múltiplas do gênio bruxo e a herança que nos legou, entrelaçando com habilidade ficção e realidade.
}Os mestres do conto catarinense assumiram um desafio inusitado: incorporar à ficção a conhecida personalidade real de Franklin Cascaes, prestando-lhe digna homenagem.
 
Franklin Joaquim Cascaes 
  
}Franklin Joaquim Cascaes nasceu na localidade de Itaguaçu, quando ainda pertencia ao município de São José da Terra Fime, em 16 de outubro de 1908. Cresceu em contacto com a pesca e com a pequena agricultura desse lugar habitado por açorianos.
}Faleceu na Ilha de Santa Catarina, terra tão venerada por ele, no dia 15 de março de 1983. Fez estudos nas escolas de Aprendizes de Artífices, depois Escola Industrial de Santa Catarina, onde chegou a ser professor. Como artista, foi autodidata.
}Utilizou todo o seu talento para registrar com a escrita, o desenho, a escultura, o artesanato, todo o universo legado pelos antigos colonos açorianos através dos seus descendentes, dos quais foi um dos seus maiores representantes. O grande acervo deixado por Franklin Cascaes dá-nos a certeza de que foi um dos maiores defensores da tradição popular ilhoa. Na sua paciente pesquisa, desenvolvida ao longo de trinta anos, conseguiu salvar a memória da cultura popular de Santa Catarina.

A CIDADE ILHADA - Milton Hatoum

}A maioria dos contos tem como cenário a mesma Manaus cosmopolita que costuma aparecer em sua obra, cidade habitada pela memória inventada de narradores nativos e estrangeiros e, é claro, do próprio autor, e também pelo contraste entre esplendor e miséria, pelo fascínio encarnado na exuberância natural da região, com seus rios e mistérios, e a decadência que a consumiu nas últimas décadas.
}Os contos refletem mais a vida nômade, que foi também a de Miton antes de se tornar um autor consagrado, pois viveu por alguns anos na Europa; depois, deu aulas de Literatura nos Estados Unidos, e hoje mora em São Paulo. As histórias têm humor e leveza porque dizem respeito à sua vida de andarilho, que foi uma época de pobreza, mas de muita alegria, segundo Hatoum.
}A leveza está em histórias como "Dançarinos na última noite", a preferida de Hatoum, no qual o empregado de um hotel encontra uma pequena fortuna dentro de uma jiboia. Em vez de mudar de vida, decide viver como um rico, por apenas uma noite.
}Ou em "Encontros na península", em que o protagonista ensina Machado de Assis a uma viúva espanhola, que quer estudar a obra do brasileiro para se vingar do ex-amante - um dos contos nos quais Hatoum se distancia de Manaus e de seus personagens habituais.
O olhar estrangeiro em Manaus permeia praticamente todo livro, como deve mesmo ser para quem cresce na fronteira entre o país urbanizado e a floresta, entre a modernidade e o selvagem. O estrangeiro de "A Cidade Ilhada" é atento, curioso, desconfiado com tudo que cerca o mundo real.
O AUTOR
}Hatoum nasceu no dia 19 de agosto de 1952 em Manaus, Amazonas. Seu pai era um imigrante do Líbano que conheceu uma brasileira também de origem libanesa. Durante sua infância, Milton conviveu com a cultura, a religião e a língua dos árabes do Oriente Médio e dos judeus da África. Aos 15 anos mudou-se para Brasília e concluiu os estudos secundários na capital.
}Depois dos estudos secundários na capital brasileira, Hatoum mudou-se para São Paulo. Três anos depois, ingressou na Universidade de São Paulo, cursando arquitetura e urbanismo. Em 1980 viajou para a Espanha como bolsista do instituto Iberoamericano de Cooperación. Nesta década, viveu entre Madri e Barcelona. Logo depois, mudou-se para a França, onde cursou pós-graduação na Universidade de Paris III.

 

Memória de um Sargento de Milícias - Manoel Antônio de Almeida - CONTINUAÇÃO

ESPAÇO
}O espaço físico apresentado na obra é o meio urbano brasileiro do século XIX. A história se
passa no Rio de Janeiro, e descreve seus principais pontos, como igrejas, principais ruas,
mas descreve também pontos bem à margem da sociedade, como acampamentos de ciganos
e bares.

ENREDO



}Leonardo, o futuro sargento de milícias, filho de Leonardo-Pataca e de Maria Hortaliça é o resultado das pisadelas, beliscões e outros atos similares praticados pelo casal de imigrantes portugueses durante a travessia do Atlântico rumo ao Rio de Janeiro.
}Leonardo-Pataca, que se tornara meirinho, confirma certo dia as suspeitas de que sua mulher não mantinha a mesma fidelidade que durante a viagem.
}Em consequência, briga com ela, expulsa de casa o garoto com um enérgico pontapé e sai em busca de consolo. Ao retornar à tarde, em companhia do compadre e padrinho do menino, é informado de que Maria-da-Hortaliça, saudosa da pátria, tinha fugido e embarcado novamente, rumo a Portugal, a convite do capitão de um navio que partira pouco antes. Logo a seguir, Leonardo-Pataca vai viver com uma cigana, que, por sua vez, também o abandona.
}Enquanto isso, Leonardo, o filho, adotado pelo padrinho, que muito se afeiçoara a ele, vai crescendo e a cada dia se revela mais briguento e travesso, prenunciando futuros envolvimentos com o famoso major Vidigal, que era o terror de todos os malandros e baderneiros da época.
}O padrinho, com infinita paciência, tenta encaminhar o menino na prática da religião para qual este não revela grandes pendores.
Para desgosto do padrinho e da madrinha, que queriam encaminhá-lo em uma profissão, Leonardo não demonstra qualquer interesse. Prefere a vida livre das brincanagens. Certo dia, em casa de Dona Maria, uma mulher das vizinhanças, conhece a sobrinha desta, Luisinha, sua futura mulher.
}Leonardo entra para as hostes do major Vidigal, não revelando, naturalmente, grande amor por esta nova profissão e passando boa parte de seu tempo na prisão por indisciplina. Sempre com a proteção da comadre, que recorre à ajuda de Maria Regalada, um antigo amor de Vidigal, Leonardo supera todas as adversidades, chegando ao posto de sargento de milícias.
 
 

Memória de um Sargento de Milícias - Manoel Antônio de Almeida

A narrativa de Memórias de um sargento de milícias, de estilo jornalístico e direto, incorpora a linguagem das ruas, classes média e baixa, fugindo aos padrões românticos da época, onde os romances retratavam os ambientes aristocráticos. A experiência de ter tido uma infância pobre contribuiu para que Manuel Antônio de Almeida desenvolvesse a sua obra.
Características 
}Linguagem: 3ª pessoa;
}Estilo:escrito em forma de folhetim (os capítulos eram publicados em seqüência nos jornais da época, o que prendia o leitor, pois deixava um suspense em relação ao capítulo posterior). Essa característica é utilizada atualmente em novelas, como um resquício do folhetim, com a finalidade de colocar o telespectador em suspense.
}Verossimilhança: Ao contrário de outras obras românticas, o autor mostra uma visão bem próxima à realidade. Os problemas sociais, as atitudes dos personagens e uma visão menos idealizada da realidade caracterizam a obra como precursora no Realismo. 
PERSONAGENS 
}As personagens são planas, ou seja, elas não mudam seu comportamento no desenrolar da história. Por exemplo a personagem principal, o memorando: Leonardinho, desde criança era travesso. Planejava vinganças, criava situações constrangedoras para quem ele não gostava, mas era amado por poucos como o seu padrinho e a comadre. Isso caracteriza o tipo pícaro, ou malandro nos termos cariocas. E até o final do livro Leonardinho não muda esse jeito pícaro de viver.
}As personagens se destacam por traços gerais e comuns ao grupo que pertencem.Muitas personagens não têm nome pois são alegorias(representações simbólicas) do tipo de gente da época e da classe sócio-econômica a que pertencem. 
 

Livros UFSC

- “Inocência”, de Visconde de Taunay
- “A Cidade Ilhada”, de Milton Hatoun
- “Treze Cascaes”, de Adolfo Boss e Outros
- “Memórias de um Sargento de Milícias”, de Manoel Antônio de Almeida
- “Jorge, um brasileiro”, de Oswaldo França Júnior
- “Viagem & Vaga Música”, de Cecília Meireles
- “O Pagador de Promessas”, de Dias Gomes
- “Amrik”, de Ana Miranda

Os livros sublinhados serão os que eu passarei resumo, por serem mais específicos. Mesmo porque, logo passarei os livros da ACAFE também. Aproveitem.