¨O texto de Ana Miranda enquanto unidade de linguagem em uso em que se manifestam traços tais como a linguagem intertextual, polifônica e/ou proliferadora. Através da voz de Oribela, personagem-narradora, uma série de discursos atestam, entre outros aspectos, o quanto é possível utilizar uma linguagem poética e, ainda assim, até por isto, deixar falar as vozes da história que, por muito tempo, foram silenciadas.
¨O título Amrik é uma corruptela de América, na forma como pronunciavam os imigrantes libaneses que se radicaram na capital paulista. A narradora, a dançarina Amina, que luta para sobreviver numa São Paulo adversa enquanto rememora sua infância numa aldeia do Líbano, pode ser tomada como alter-ego de sua criadora. Amina deixa um mundo seguro para trás e vem ao Brasil para tentar ser apenas aquilo que é.
¨Mesmo nos trechos em que assume uma postura didática , Ana não permite que lhe fujam a batida sensual, o traço ondulante, a magia. A história de Amina é, no fim, muito parecida com a das outras mulheres. Amina recebe uma proposta de casamento do mascate Abraão. O amor, com suas vantagens e desvantagens, a deixa indecisa.
¨Não quer perder a liberdade que conquistou ao fugir para o Brasil. Sabe que ela é seu maior bem. Põe-se, então, a narrar sua história.
¨ O romance vem escoltado por um minucioso glossário de quase 100 termos, a maioria de origem árabe. São absolutamente dispensáveis, pois a escrita de Ana Miranda prende o leitor mais pela sensualidade que pela razão. Mas servem como excelente fonte de apoio para os leitores mais desconfiados. A linguagem de Amrik está muito mais próxima das parábolas árabes e das narrativas fantásticas de As mil e uma noites que das pesquisas factuais.
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